MITOS DA “REVOLUÇÃO” CUBANA: A EDUCAÇÃO “BEM SUCEDIDA”. SERÁ?
Sem mais delongas, proponho-vos a leitura de um texto
fabuloso, claro e bem fundamentado, que desmonta toda a tralha ideológica do
sistema ”educativo” de Havana. O documento foi publicado, há três anos, no Mídia
sem Máscara, mas é actualíssimo e indispensável, sobretudo num país, como o
nosso, em que o sindicato-geral da desinformação fincou raízes nas escolas, nas
mentalidades e na comunicação social(ista). Se “Filú”, o chefículo municipal,
não compreender algum parágrafo, ou o sentido das metáforas mais filosóficas,
alguém faça o divinal favor de lho explicar em crioulo. Com imagens acessíveis e
ilustrações, ele vai lá, o homem não é burro! Vejam como ele tem “administrado”
a cidade da Praia, aliás com apurado sentido “ecológico”, protegendo as
vaquinhas, os animais de gabinete, os cães, os amigos…
Cuba, que antes da golpada estalinista de um tal Fidel
Castro (quo vadis?) tinha um dos melhores índices de educação na América Latina,
“apostou”, diz-se, fortemente na educação, como um dos eixos fulcrais do
desenvolvimento, em direcção ao famoso “homem novo” socialista. Mas algo correu
mal: não obstante os crescentes gastos governamentais, o bestialógico
burocrático não produziu nem crescimento económico nem progresso humano. A
educação visa a libertação do Homem, não a sua alienação. Ora, na ilha-cárcere
dos barbudos, pedófilos da consciência individual, o Partido Comunista assumiu o
papel de um “ente” omnipotente e infalível, atitude manifestamente contrária aos
lindos objectivos da “revolução”. Um escritor ou jornalista pode, ali, ser preso
(e condenado a vinte anos de prisão) pelo simples facto de discordar dos métodos
medievais da oligarquia castrista. Que o diga Raúl Rivero, escritor
internacionalmente premiado, ou a economista Marta Roque, que luta por um regime
mais humano e plural, guiado pela Lei e pela Justiça.
É preciso compreender a razão desse tremendo equívoco
(cubano). Tenho conversado com muita gente (alunos cabo-verdianos, inclusive)
que estudou em Cuba.
Invariavelmente, elogiam o “sistema cubano” e pintam um
retrato formidável da ilha-cárcere. Alguns, poucos, reconhecem que há
“dificuldades”, enfim, não se pode ouvir a rádio livremente (aliás não há
grandes opções!), Internet é algo difícil e controlado e há certos “sítios”,
dizem, que os próprios cubanos “não podem” frequentar. Parece que não “viram”
mais nada! Faz parte do Estado Totalitário manter as pessoas nesse estado de
inconsciência brutal, escondendo todo o funcionamento da sociedade sob a nuvem
de uma “normalidade” podre e artificial.
Durante o “Grande Salto em Frente” de Mao Tsé Tung (ou
Zedong, para outros), enquanto a China comunista praticava uma das maiores
atrocidades de toda a História, os visitantes ocidentais levavam, todavia, para
a Europa a imagem de uma China “progressista” e bem ordenada, em “franco e
acelerado desenvolvimento”. Intelectuais, jornalistas e artistas de renome
passavam, com ardor, nos salões de Paris ou nos “campi” universitários, esse
retrato mítico da ópera socialista à beira da consumação, cumprindo, finalmente,
a “científica” promessa marxista!
Sabemos, hoje, qual foi o significado desse “Grande Salto”
e o preço que o povo chinês teve que pagar pela imensa asneira da sua Nova
Classe. Cuba, exceptuando o fandango grotesco de Hugo Chávez, em articulação com
a quadrilha do Foro de São Paulo, é, por enquanto, o último refúgio do mito
socialista, espectro desacreditado na prática, sempre e sempre, mas hibernado,
com uma constância imperturbável, na cuca dos eternos adolescentes totalitários.
Sigmund Freud ensinava que a Maturidade passa pela assumpção do Princípio da
Realidade. Ah! Os socialistas não leram Freud…
Sem mais delongas, proponho-vos a leitura de um texto
fabuloso, claro e bem fundamentado, que desmonta toda a tralha ideológica do
sistema ”educativo” de Havana. O documento foi publicado, há três anos, no Mídia
sem Máscara, mas é actualíssimo e indispensável, sobretudo num país, como o
nosso, em que o sindicato-geral da desinformação fincou raízes nas escolas, nas
mentalidades e na comunicação social(ista). Se “Filú”, o chefículo municipal,
não compreender algum parágrafo, ou o sentido das metáforas mais filosóficas,
alguém faça o divinal favor de lho explicar em crioulo. Com imagens acessíveis e
ilustrações, ele vai lá, o homem não é burro! Vejam como ele tem “administrado”
a cidade da Praia, aliás com apurado sentido “ecológico”, protegendo as
vaquinhas, os animais de gabinete, os cães, os amigos…
O modelo educativo cubano
por Santos Mercado em 1 de Outubro de 2004
Muita gente considera o sistema educativo cubano como bom
exemplo a seguir. Inclusive organismos internacionais, como a OCDE, a UNESCO e o
Banco Mundial, mostram-se satisfeitos com as estatísticas cubanas. O que há de
certo?
Desde o primeiro minuto de vida da Revolução Cubana, o novo
Governo toma a decisão de jogar por terra o sistema educativo e construir um
novo. Todas as escolas e universidades privadas ficam abolidas e os prédios
passam às mãos do Governo. Portanto, o Estado socialista por meio do Ministério
da Educação assume o controlo total de todo o tipo de escolas na ilha. O
primeiro plano estratégico de grande porte consistiu em eliminar o
analfabetismo.
Ainda que Cuba tivesse um dos índices mais baixos de
analfabetos em toda a América Latina (menos do 25 %, México mais do 30 %) o novo
Governo de nenhuma maneira sentia-se satisfeito e desejava dar ao mundo uma
amostra de que podiam oferecer melhores resultados que o regime anterior. A
proposta educativa do Governo teve consenso de quase o povo todo, e os
dissidentes optaram por sair de Cuba.
Bastava que o regime ordenasse e todos os cubanos letrados
agiriam como um só homem obedecendo às disposições do Estado. O Governo
organizou os intelectuais, estudantes, donas de casa, jovens e exército para que
todos eles fossem até ao último canto, praticamente a caçar a quantos
analfabetos encontrassem. O resultado foi todo um êxito: salvo alguns anciãos,
todo o cubano aprendeu a ler e escrever. A seguinte tarefa consistiu em ter
suficientes escolas para que todas as crianças em idade primária e secundária
pudessem não só assistir às aulas, mas alimentar-se e desenvolver o seu físico,
aprender as técnicas de produção agrícola, o respeito à pátria, o amor ao
socialismo, ao Governo, etc…
O Governo não estimou recursos. Foram construídas escolas
primárias e secundárias na ilha toda. Nenhum pai de família poderia se queixar
de que não houvesse uma aula para seu filho, pois “para isso foi que fizemos a
revolução”. Inclusive, foram construídos muitos internatos, onde as crianças
poderiam passar o ano todo. É claro que estes internatos possuíam serviços
médicos e esportivos para as crianças e jovens.
O Governo socialista de Cuba estabeleceu a obrigatoriedade
da educação primária e secundária. Desde esse momento foi considerado um delito
que os pais de família não enviassem aos seus filhos à escola e poderiam ser
castigados, inclusive com cadeia. Quando um aluno termina o ciclo da educação
obrigatória, pode escolher os seguintes caminhos:
a) O Estado aplica para ele uma prova para determinar a sua
capacidade e aptidão para continuar estudos de segundo grau e, posteriormente,
universitários. Se aprovar, receberá todo o apoio do Governo para seguir
estudando, e se não...
b) É incorporado em alguma escola técnica estadual de dois
ou três anos para se especializar em: topografia, enfermaria, eletricidade ou
outras similares, para depois fazer concurso em uma empresa estatal, e se
não...
c) É incorporado ao trabalho em alguma fábrica do Governo
ou em alguma granja estadual.
Com esta descrição em grandes traços, já é possível extrair
as principais características do sistema educativo cubano:
1 - O Governo socialista construiu um enorme monopólio
educativo controlado desde um centro burocrata.
2 - Desapareceu o sector privado educativo. Quero dizer,
ficou proibido que algum indivíduo tivesse em propriedade algum plantel
educativo.
3 - Todas as escolas e universidades são propriedade de
todos, quer dizer, de ninguém, ou do Governo, se por acaso isto tem o mesmo
sentido.
4 - Somente o Governo, desde o Ministério da Educação, tem
a prerrogativa de formular os planos e programas de estudo. Em outras palavras,
nem particulares, nem docentes, nem “directivos”, têm o direito de modificar ou
estabelecer o que as crianças, jovens ou os adultos deveriam
aprender.
5 - Às crianças e jovens se lhes educa para que ao
terminarem seus estudos sejam incorporados como burocratas, funcionários ou
empregados do Estado.
6 - Em consequência, ficou proibido todo tipo de educação
que tivesse o objectivo de formar profissionais com visão empresarial ou de
negócios.
7 - Todo o sistema educativo depende exclusivamente do
financiamento do Governo.
8 - Os salários e pagamentos dos professores, directivos e
pessoal de apoio são parte do orçamento do Estado e só este tem o direito de
modificá-los.
9 - Estabeleceu-se, portanto, que os alunos estariam
sujeitos a um regime de “educação gratuita”. Quer dizer, “aquele que estuda não
paga”, pois o Governo assume todos os gastos.
10 - Entretanto, o Governo seria o encarregado de equiparar
as escolas, dar livros gratuitos aos alunos, inclusive uniformes e
alimentos.
11 - O Governo formou grandes sindicatos para ter um
controlo directo e efectivo sobre todos os docentes e trabalhadores.
12 - Os docentes universitários ganham 220 pesos cubanos
(10 dólares ao mês), assim como também tem direito à Cartilha de Racionamento e
podem solicitar casa ou apartamento.
13 - O planeamento estatal determina a quantidade de
profissionais que devem existir em cada disciplina, independentemente dos
desejos e preferências dos estudantes.
14 - “O trabalho é um direito”. Os que concluem seus
estudos (uma altíssima percentagem) tem assegurado sua vaga nos escritórios do
Governo, nas granjas ou empresas estatais ou onde determine o Estado. Não é
permitido exercer iniciativa privada para estabelecer negócios
próprios.
Uma vez detectados os traços essenciais do modelo cubano,
vale a pena perguntar qual é o resultado ao longo de mais de quarenta anos de
funcionamento.
"ÊXITOS"
Pode-se mencionar os seguintes:
a) Em Cuba não há analfabetos. Porém as pessoas unicamente
podem ler o que edita o Governo. O índice de livros lidos por habitante é agora
mais baixo que o de México.
b) A média de escolaridade da ilha é o segundo grau. Eles
podem mostrar um diploma de segundo grau.
c) Cuba é o país com maior densidade de certidões
universitárias. Até os garçons do Hotel Rivera podem mostrar título médico ou
inclusive de doutor em engenharia nuclear.
d) Os profissionais devem estar cadastrados em um sindicato
ou associação do Estado. Por exemplo, a Associação de Economistas de Cuba tem 22
mil agremiados.
A CONTRADIÇÃO
A primeira pergunta que surge é: porquê, com tanta gente
tão bem preparada, Cuba sofre da falta de grãos, carne, verduras, etc.? Ainda
sob o suposto de que o embargo dos Estados Unidos implicara que nenhum país
compre ou venda a Cuba, quer dizer, que a ilha estivesse completamente isolada,
não seria possível sobreviver e desenvolver com suas próprias forças, em virtude
da grande quantidade de profissionais com que conta? Com os mais de dez mil
engenheiros marítimos não seria possível que tivesse a maior frota pesqueira e
produtiva da América Latina? Um mistério?
Quando vemos que uma sociedade sofre de pobreza e ao mesmo
tempo observamos que as pessoas possuem pouca escolaridade, parece a todos uma
situação normal. Porém quando observamos que um povo tem alto nível educativo e
a sua gente carece de ânimos por trabalhar, produzir, inovar, gerar novos bens e
serviços, e inclusive sofre de problemas alimentares, com vivendas decrépitas,
descontentes de tudo, aliás, sem vontade de transformar nada ou esperando a
mínima oportunidade para sair da ilha, então algo não funciona bem. Como
explicar que uma só empresa capitalista como Disney World produz mais riqueza em
termos de dólares do que o PIB de toda a ilha [de Fidel]?
ONDE ESTÁ A FALHA?
Foi um erro haver-se preocupado para que o povo cubano
tivesse um alto nível de escolaridade? Ninguém, em são juízo, pode opor-se a que
um povo seja culto e com alto nível de escolaridade. Ter um povo com alto nível
educativo é um objectivo saudável em todos os sentidos. O problema não está no
objectivo, e sim nos meios para consegui-los. Há que recordar que o sistema
educativo de Cuba é um produto da Revolução Cubana. Esta revolução preocupou-se
por fazer de Cuba uma ilha socialista, quer dizer, planificada centralmente,
organizada e administrada, em todos os seus aspectos, desde o aparelho de poder.
Necessariamente tinha de se edificar um monopólio
centralizado e controlado desde um escritório central do Governo e basicamente
sujeito ao capricho de uma só pessoa. Aliás, a educação cubana tem sido
administrada sob um esquema quase-monárquico onde só conta a visão do
rei.
Em qualquer país onde se tenha praticado assim a educação,
seja na Itália de Mussolini, na Alemanha de Hitler, na URSS de Stalin ou no
México de Lázaro Cárdenas, ela terminou num desastroso fracasso, destruindo
inteligências e capital.
As intenções são boas, porém, falhou o método.
Com efeito, o processo de centralização converte todos os
professores e funcionários em burocratas carentes de critério próprio. A
centralização gera um sistema de altos custos sociais, formando profissionais
carentes de iniciativa, de espírito empreendedor, que se subordinam à estrutura
do poder, acorrentando-se ao salário do Governo e perdendo o tempo para receber
sua ração de alimentos.
Em sentido metafórico, o Governo revolucionário de Cuba se
arrogou o direito de queimar todos os móveis da casa a fim de cozinhar um caldo
de galinha, que agora ninguém quer experimentar. Mau negócio para o povo, que
tem que absorver as más decisões do seu rei governante; para o profissional,
quem estará atado a uma vaga burocrata do Estado; para os professores que, sem
muita motivação, têm que simular que ensinam; e para o aluno, que não tem
alternativas.
NÃO É FÁCIL COMPREENDER O ERRO
Para compreender melhor o erro do método, pensemos que o
monarca ou cacique de um povo decide fazer com que todos os habitantes devem
possuir um grau de doutorado, mestrado e, no mínimo, um de licenciatura. Dedica
todos os recursos disponíveis para realizar o objectivo.
Bom negócio, mas o resultado final é a destruição dessa
sociedade. Onde está o erro? Bom. Se ainda não dá para perceber, assumamos que o
líder do Governo pensa que todos devemos ser músicos. O resultado, a longo
prazo, é que esse povo morrerá de fome. Quem produzirá alimentos, sapatos ou
vestidos?
Em outras palavras, é de muito risco, e seguramente
prejudicial, que a burocracia no poder, o líder ou ditador, dirija ou oriente ao
sistema educativo de um país, porque o risco de que tome decisões incorrectas é
alto e perigoso. O problema é delicado e, se agora não podemos contestar quem
deva dirigir, ao menos podemos responder quem não o deve fazer.
Em Cuba eles pagaram muito cara a determinação de
centralizar todas as decisões em mãos de uma pessoa só. Por óptimas que sejam as
intenções do líder, jamais poderá ter toda a informação para tomar decisões
eficientes, seja no âmbito educativo, turístico, da produção de açúcar ou da
mandioca. Pretender que uma pessoa ou grupo governante pode ter melhor visão dos
gostos, preferências, necessidades ou caprichos do povo é pensar que existem
políticos ou burocratas mais sábios que um deus omnisciente.
A SOLUÇÃO
Os sistemas centralizados, sejam chamados de socialistas,
fascistas, nazistas ou populistas, dividem à sociedade em duas classes: a
burocracia governante (pequeno grupo de tiranos) e a burocracia subordinada. A
capacidade de inovação do burocrata tirano e do subordinado é praticamente nula.
Esta é a razão que explica o rudimento generalizado nestes sistemas, apesar de
que pudessem conseguir algum esporádico êxito. Por isso na Rússia, Itália,
Alemanha ou no México estes sistemas centralizados foram condenados e
eliminados. O mesmo terá de suceder, mais cedo mais tarde, com o sistema
educativo cubano. Ainda que continuem orgulhosos do monstro burocrático que
construíram, terão de desmantelá-lo para evitar maiores danos à sua economia. A
grande tarefa dos cubanos é eliminar o monopólio do Governo e permitir que se
manifeste o talento, iniciativa e visão de cada cidadão na linha educativa. Cuba
deveria privatizar todo o seu sistema, como uma estratégia fundamental para
recuperar o indivíduo destruído pela Revolução. A privatização da educação
permitirá paulatinamente eliminar a subordinação da inteligência ao poder feudal
do Estado, permitindo que os sonhos e anseios de cada cubano se façam realidade
mediante um esforço pessoal. Só assim a educação transformar-se-á numa alavanca
para a prosperidade e o desenvolvimento dos cubanos.
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