FALSO ALARME OU INQUISIÇÃO RENASCIDA?
Vale a pena ler o texto do Professor Lindzen, que denuncia
toda a lama dos oportunistas travestidos de “ecologistas”. Ele denuncia o que
chama de “junk science”, a “ciência vagabunda”, que mais não é do que a
imposição de um conjunto de vigarices sem qualquer fundamento. É uma vigorosa
chamada de atenção, repondo a seriedade num debate fundamental. O texto de
Lindzen foi publicado no Mídia Sem Máscara (originalmente, no “Wall Street
Journal”). Aqui se divulga, refira-se, com ligeiras adaptações de grafia, em
função da norma ortográfica vigente em Cabo Verde. O “politicamente correcto”
não deve ter a pretensão de apagar as vozes contrárias ao metafísico canto das
sereias. A moda não pode subverter a ciência. Precisamos de argumentos. Basta de
fantasias. Bom proveito!
A ONU tem sido o carro-chefe de uma cruzada implacável
contra o chamado “aquecimento global”. Há bem poucos dias, patrocinou uma
operação de charme, de alcance mundial, para convencer os mais incautos. Al
Gore, o ex-vice presidente dos EUA, é um dos mais destacados profetas desse
movimento purificador. Esteve recentemente em Portugal, cobrando um balúrdio
para “falar” de uma matéria científica de grande complexidade. Al Gore não é
cientista, mas sim político. Não tem qualquer credencial na matéria em
pauta.
No entanto, as posições, nesse jogo ideológico perigoso,
inverteram-se por completo: os cientistas não são ouvidos, enquanto os políticos
têm a total cobertura da imprensa, na promoção da sanha alarmista. O
obscurantismo tomou conta do debate, no meio de chantagens, desinformações e
intimidações contra cientistas credenciados. Uma nova Idade Média? Parece, por
vezes, que a História se repete…
Da minha parte, ao contrário de Al Gore e outros
cavalheiros, limito-me a escutar os cientistas, os que sabem alguma coisa. A
minha ignorância, na matéria, impõe-me um cepticismo prudente. O mundo está
cheio de “profecias” que, afinal, nunca se concretizaram. A mais famosa dos
últimos séculos é, sem dúvida, o Comunismo Marxista. Foi, pelo contrário, um
imenso fracasso, que só trouxe ditadura, miséria em larga escala, atraso
tecnológico e milhões de vítimas. Um pouco de prudência é, pois, muito
importante. Não concorda?
É preciso, penso, escutar todas as vozes, mas vozes sérias,
em função dos cânones científicos. A ciência, desde Bacon (ou até antes),
baseia-se na prova e no raciocínio lógico. O resto é superstição, propaganda,
charlatanice.
O texto que vos trago, hoje, é um depoimento de grande
valor, de uma das maiores autoridades mundiais na matéria, Richard Lindzen,
Professor de Ciência Atmosférica no MIT, um dos centros científicos mais
prestigiados do mundo inteiro. Vale a pena ler o texto do Professor Lindzen, que
denuncia toda a lama dos oportunistas travestidos de “ecologistas”. Ele denuncia
o que chama de “junk science”, a “ciência vagabunda”, que mais não é do que a
imposição de um conjunto de vigarices sem qualquer fundamento. É uma vigorosa
chamada de atenção, repondo a seriedade num debate fundamental. O texto de
Lindzen foi publicado no Mídia Sem Máscara (originalmente, no “Wall Street
Journal”). Aqui se divulga, refira-se, com ligeiras adaptações de grafia, em
função da norma ortográfica vigente em Cabo Verde.
O “politicamente correcto” não deve ter a pretensão de
apagar as vozes contrárias ao metafísico canto das sereias. A moda não pode
subverter a ciência. Precisamos de argumentos. Basta de fantasias.
Bom proveito!
Casimiro de Pina – casipina@hotmail.com
CLIMA DE MEDO: ALARMISTAS DO AQUECIMENTO GLOBAL INTIMIDAM
CIENTISTAS DISCORDANTES
por Richard Lindzen
Tem havido repetidas alegações de que os furacões do ano
passado foram um outro sinal de mudanças climáticas induzidas pelo homem. Tudo,
da onda de calor em Paris às fortes nevascas em Búfalo, tem sido debitado na
conta de quem queima gasolina em seus carros e carvão e gás natural para
aquecer, refrigerar e electrificar suas casas. Há de se perguntar, como um
aumento de um mísero e mal discernível grau centígrado na temperatura média
global desde o século XIX ganha aceitação pública como a fonte das recentes
catástrofes climáticas?
A resposta tem muito a ver com mal-entendidos a respeito da
ciência do clima, além da intenção de se depreciar essa ciência por meio de um
triângulo de alarmismo. Afirmações científicas ambíguas sobre o clima são
injectadas diariamente na mídia pelos interessados no alarmismo, fazendo crescer
o suporte político dos “policy makers” que irão suprir os fundos necessários
para mais pesquisas científicas e alimentar mais alarmes para incrementar o
suporte político. Afinal, quem colocará dinheiro em ciência – não importa se
para o Sida, o espaço ou o clima – onde não houver nada realmente
alarmante?
Realmente, o sucesso do alarmismo climático pode ser
avaliado pelo aumento dos gastos federais em pesquisas climáticas: de umas
poucas centenas de milhões de dólares pré-1990 para US$ 1.7 bilhão hoje. Isto
pode ser visto também nos altos investimentos em pesquisas por tecnologias
alternativas, tais como energia solar, eólica, hidrogénio, etanol e carvão,
assim como na área energética em geral.
Mas há um lado, mais sinistro ainda, em todo esse frenesi.
Cientistas que não concordam com o clima de alarmismo têm visto seus fundos de
pesquisa desaparecerem, seu trabalho ser escarnecido, além de serem acusados de
serviçais da indústria petrolífera, “hackers” da ciência, ou coisa pior.
Consequentemente, mentiras sobre mudanças climáticas ganham credenciais
científicas, mesmo que sejam frontalmente contrárias à ciência em que,
supostamente, elas se baseiam.
Para entender os mal-entendidos perpetuados sobre a ciência
do clima e o clima de intimidação, é necessário ter uma ideia sobre questões
científicas complexas que perpassam toda a discussão. Primeiramente, comecemos
onde há concordâncias. O público, imprensa e “policy makers”, têm sido
repetidamente informados do facto de que três alegações têm amplo apoio
científico: que a temperatura global subiu um grau desde o final do século XIX;
que os níveis de CO² na atmosfera subiram, aproximadamente, 30% no mesmo
período; e que o CO² deve contribuir para um futuro aumento do aquecimento
global.
Essas alegações são verdadeiras. Contudo, o que o público
não percebe é que as alegações nem constituem razão para alarme nem estabelecem
a responsabilidade humana sobre o pequeno aumento do aquecimento global que
ocorreu.
De facto, aqueles que fazem as mais alarmantes alegações
demonstram, com isso, seu cepticismo sobre a própria ciência em que eles afirmam
confiar.
Não se trata apenas de que os alarmistas estão trombeteando
resultados de modelos que sabemos estarem errados. Mas é que eles estão
trombeteando catástrofes que não poderiam acontecer, mesmo que os modelos
estivessem correctos, justificando assim investimentos custosos a fim de
prevenir o aquecimento global.
Se os modelos estivessem certos, o aquecimento global
reduziria a diferença de temperatura entre os pólos e o equador. Quando você
tiver uma menor diferença de temperatura você terá menos estímulo para
tempestades extra-tropicais, não mais. E, de facto, os resultados do modelo
apoiam essa conclusão. Os alarmistas contam a favor de suas alegações, a
respeito das tempestades tropicais, um comentário informal de Sir John Houghton
do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), de que um
mundo mais aquecido teria uma maior evaporação, com o calor latente, provendo
mais energia para os distúrbios. O problema com isso é que a habilidade da
evaporação em produzir tempestades tropicais não depende só da temperatura, mas
também da humidade – que, quando menor, melhor para a produção de tempestades.
Alegações de intenso aumento de temperatura são baseadas em que haja mais
humidade, não menos – o que dificilmente explicaria um maior número de
tempestades com o aquecimento global.
Mas, então, por que não temos mais cientistas denunciando,
abertamente, essa ciência vagabunda? Acredito que muitos cientistas têm-se
intimidado, não meramente por dinheiro, mas por medo. Um exemplo: no início
deste ano [2006], Joe Barton, deputado pelo Texas, enviou cartas ao
paleoclimatologista Michael Mann e alguns de seus co-autores à procura de
detalhes de uma análise, financiada por fundos públicos, que alega terem sido os
anos 1990 a década mais quente e 1998 o ano mais quente do último
milénio.
A preocupação do sr. Barton está baseada no facto de que o
IPCC singularizou o trabalho do sr. Mann como um meio de encorajar os “policy
makers” a agirem. E eles assim agiriam, depois que o seu trabalho pudesse ser
replicado e testado – uma tarefa que se tornou difícil por causa da recusa do
sr. Mann, um eminente autor do IPCC, em disponibilizar detalhes do seu trabalho
para análise. A defesa do sr. Mann pela comunidade científica, apesar de tudo,
foi imediata e ríspida. O presidente da Academia Nacional de Ciências – e também
da Sociedade Americana de Meteorologia e da Associação Americana de Geofísica –
formalmente protestou, dizendo que o facto do deputado Barton ter singularizado
o trabalho de um cientista tinha um cheiro de intimidação.
Tudo isso contrasta, fortemente, com o silêncio da
comunidade científica quando antialarmistas estavam na mira do então Senador Al
Gore. Em 1992, ele liderou duas audiências públicas no Congresso Americano,
durante as quais tentou intimidar cientistas dissidentes, inclusive a mim, para
que mudassem de posição e apoiassem o seu alarmismo climático. Nem tampouco a
comunidade científica reclamou quando o senhor Gore, como vice-presidente,
tentou envolver Ted Koppel [âncora da ABC News até 2005] numa caça às bruxas
para desacreditar os cientistas antialarmistas – o que o Sr. Koppel considerou,
publicamente, inapropriado. E todos permaneceram mudos quando vários artigos e
livros de Ross Gelbspan difamaram os cientistas que discordavam do sr. Gore,
chamando-os de pombos-correio da indústria do combustível fóssil.
Infelizmente, esta é apenas a ponta de um não derretido
iceberg. Na Europa, Henk Tennekes foi demitido como director de pesquisas da
Royal Dutch Meteorological Society depois de questionar os fundamentos do
aquecimento global. Aksel Winn-Nielsen, ex-director da World Meteorological
Organization da ONU foi “pichado” por Bert Bolin, primeiro presidente do IPCC,
como um instrumento da indústria do carvão, por questionar o alarmismo
climático. Os respeitados professores italianos, Alfonso Sutera e Antonio
Speranza, desapareceram do debate em 1991, aparentemente por perderem o
financiamento para as suas pesquisas, por levantarem questões
inconvenientes.
E, além de tudo isso, há padrões peculiares em
funcionamento nos periódicos científicos, para aqueles artigos cujos autores
levantam questões sobre a sabedoria científica da moda. Na Science and Nature
tais artigos são comummente recusados sem passar por revisão, como sendo “sem
interesse”.
Contudo, mesmo quando tais artigos são publicados, os
padrões mudam. Quando eu, juntamente com alguns colegas da NASA, tentamos
determinar como as nuvens se comportam sob um regime de temperatura variável,
descobrimos o que denominamos então “Efeito Iris”, por meio do qual nuvens
superiores do tipo cirrus se contraem com o aumento de temperatura, propiciando
uma retro-alimentação climática negativa muito forte, suficiente para reduzir a
resposta ao aumento de CO². Normalmente a crítica aos artigos aparecem na forma
de cartas aos periódicos, às quais os autores podem responder imediatamente. No
entanto, neste caso (e em outros) um fluxo de artigos preparados apressadamente
apareceram, alegando erros em nosso estudo, com as nossas respostas demorando
meses para aparecerem publicadas. A demora permitiu que o nosso artigo fosse
referido como “desacreditado”. De facto, há uma estranha relutância em
descobrir-se como o clima realmente se comporta.
Em 2003, quando o relatório do U.S. National Climate Plan
recomendava uma alta prioridade para o aprimoramento do nosso conhecimento sobre
a sensibilidade climática, o National Reserch Council recomendava, ao invés
disso, o apoio à pesquisa sobre o impacto do aquecimento – e não à pesquisa
sobre se isso realmente acontecia.
Alarme, ao invés de curiosidade científica genuína, é, ao
que tudo indica, essencial para manter o financiamento. E somente os cientistas
seniores podem hoje enfrentar essa tempestade alarmista e desafiar o triângulo
de ferro dos cientistas alarmistas, dos seus apoiadores e dos “policy
makers”.
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