sexta-feira, 16 de maio de 2008

O PODER LOCAL E O DESPOTISMO SUAVE NA "NEVESLÂNDIA"

Se o processo for minimamente transparente, o PAICV arrisca-se a sofrer uma pesada derrota eleitoral no dia 18 de Maio, o que poderá reconfigurar, de alto a baixo, o cenário político cabo-verdiano


Após uma intensa campanha eleitoral, as caravanas preparam-se para o dia "D". É já no próximo Domingo, daqui a sensivelmente 48 horas. Alguns factos ganharam, todavia, evidência nestes dias castálicos e festivos:
1) O crescimento notável do MPD nos grandes centros urbanos (Assomada, cidade da Praia, Mindelo e São Filipe);
2) A perda de fulgor de José Maria Neves, incapaz de transmitir ideias e projectos consistentes de renovação;
3) O aproveitamento escandaloso dos meios do Estado por parte do partido no poder, perpetuando, assim, a cultura "assistencialista" e o clientelismo como forma cobarde de sobrevivência.
Se o processo for minimamente transparente, o PAICV arrisca-se a sofrer uma pesada derrota eleitoral no dia 18 de Maio, o que poderá reconfigurar, de alto a baixo, o cenário político cabo-verdiano. Não, não estou a prever o futuro. Estou, simplesmente, a ler os sinais que me chegam de variadíssimas formas. O futuro não pode ser previsto nos pormenores, mas pode ser antevisto enquanto "quadro geral". Ortega Y Gasset, antes de mim, já o explicou com meridiana clareza: "A história humana, apesar da constante intervenção do acaso, é algo assim como que uma melodia, e quem sabe receber em si com intensidade e pureza o troço que dela soou até uma determinada data, sente brotar dentro de si o resto da melodia que soa em direcção ao futuro".
As populações estão, parece-me, cansadas de tanta corrupção e enriquecimento sem causa. Já não aguentam mais o Despotismo Suave do sr. José Maria Neves, e as manobras do seu partido-Estado.
Vão votar massivamente na mudança. A questão, neste momento, não é "se" o MPD vai ganhar. É apenas o "quantum", a dimensão da vitória. O PAICV, com a sua demagogia de tipo novo, merece esta derrota. Vai sentir o peso da (ir)responsabilidade, evidentemente.

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Jurista e Docente Universitário

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