O TOTALITARISMO E A FALSIFICAÇÃO DA HISTÓRIA: O CASO DE SALVADOR ALLENDE
Era mentira. Era tudo mentira. Allende não era
democrata. Nem amava, tampouco, a República e a legalidade. Operava,
abertamente, isso sim, contra os fundamentos da tradição republicana.
Estava a destruir, e não a construir, a
democracia chilena, apoiando grupos armados, ilegítimos e terroristas,
que amedrontavam as populações. Desrespeitava o Poder Judiciário.
Zombava do órgão Legislativo, usurpando os seus poderes legais… Quem
escrevia, afinal, os livros (de propaganda) da minha infância? Quem
pagava os escribas? Que regime era esse, sustentado na mentira e na
manipulação do ensino e da história? Contra a impostura é preciso,
pois, escrever. Escrever sempre. Como sublinhava o grande George
Orwell, “Escrevo porque há uma injustiça que merece ser denunciada, uma
mentira que tem de ser desmascarada”. Leiam, sem tardança, este texto
(que vos trago hoje) de Heitor de Paola, consagrado intelectual
brasileiro, comentando o fundamentado documento jurídico que os
Deputados do Chile aprovaram no dia 23 de Agosto de 1973, vinte dias
antes da queda de Allende, desejada pelo povo e pelos poderes
legalmente constituídos e usurpados
Nos meus tempos da escola primária, Allende, ao
lado de outros cândidos e célebres “revolucionários”, era glorificado
ao máximo, elevado aos píncaros do heroísmo e da rectidão moral. A
atmosfera era comovente. Allende personificava a República, o Direito
incorruptível, o Progresso e a Liberdade do Chile democrático. Salvador
Allende, o pobre “estadista” traído, alimentava, na plenitude, o mito
do bom revolucionário, derrubado pela perversa conspiração
imperialista, não faltando, nessa bela história da carochinha, os
condimentos favoritos da “agitprop”, desde a cobiça do “grande capital”
à indispensável intervenção da CIA, passando pelos maquiavélicos e
obscuros golpes palacianos. O rendilhado era perfeito.
Era assim, nas vestes de um impoluto homem de
Estado, que ele aparecia nos livros oficiais. Um democrata convicto;
homem puro; apóstolo da justiça.
Que pena! Hoje, ao procurar a verdade do
conturbado Chile dos anos 70, época da minha doce infância, descubro,
surpreendentemente, um outro Allende. Tão longe do seu retrato utópico.
Salvador Allende era, na realidade, um ditador de carteirinha,
mesquinho, como todos os outros, sectário, inebriado pelos dogmas
marxistas, violador contumaz da Constituição, consumido pela paixão (ou
loucura) totalitária, enquanto o seu país, exausto e miserável, se
afundava no pântano da tirania e da bancarrota económica.
Era mentira. Era tudo mentira. Allende não era
democrata. Nem amava, tampouco, a República e a legalidade. Operava,
abertamente, isso sim, contra os fundamentos da tradição republicana.
Estava a destruir, e não a construir, a
democracia chilena, apoiando grupos armados, ilegítimos e terroristas,
que amedrontavam as populações. Desrespeitava o Poder Judiciário.
Zombava do órgão Legislativo, usurpando os seus poderes legais.
Dotou-se, aliás, de um poder legislativo paralelo, num processo típico
do “cesarismo” autoritário.
Preparava-se assim, à semelhança do
“tirano-ssauro” Fidel Castro, para açambarcar o poder total e absoluto.
Allende, ao contrário de uma mentirinha jeitosa e convencional, nunca
teve o apoio da maioria do povo chileno. Ainda há dias, um conhecido
“opinion maker” português, levado pela modinha esquerdista, caiu nessa
balela de encantar, para gáudio da viciosa turma dos inocentes úteis!
Allende teve somente 36% dos votos. Mais de 60% dos eleitores chilenos
rejeitaram a sua candidatura, votando nos outros partidos (Partido
Nacional, de Jorge Alessandri, e PDC).
Como não teve a maioria suficiente, teve de
sujeitar-se à aprovação do Congresso. Em contrapartida, foi obrigado,
solenemente, a assinar um documento fundamental, o Estatuto de
Garantias Constitucionais, jurando respeitar as leis e a Constituição.
Assinou o documento no dia 24 de Outubro de 1970. Vinculou-se à Magna
Carta.
Começa, aqui, o intenso jogo fraudulento do
senhor Allende. Mal acaba de assumir o poder, confessa, numa entrevista
ao insuspeito Régis Debray (publicada na revista Punto Final), que
assinou o Estatuto por razões meramente tácticas. O seu objectivo
principal era tomar o poder.
Isso revela que Allende não passava de um
sujeito sem escrúpulos, um homem que jurava sob reserva mental, um
deficiente moral, influenciado pelas teses espúrias do comunismo
totalitário (ver, a respeito, Claudio Andrés Téllez, “Pinochet e o
Chile”, midiasemmascara.org). Tal como Lenine, a legalidade instituída
não tinha qualquer valor para ele. Só importava o projecto pessoal de
poder. Ao mesmo tempo, Allende declarou, desde o início, que não
representava todos os chilenos, mostrando a sua face sectária e
antidemocrática.
Como perguntou Claudio Téllez, “O que resta da
política sem a representação?”. Após uma série impressionante de
desvios e ilegalidades, o Supremo Tribunal do Chile, por unanimidade,
condenou as suas acções e exigiu a reposição dos direitos fundamentais
e da legalidade constitucional. Allende fazia-se de parvo e continuava
a sua marcha indelével em direcção ao totalitarismo marxista.
Foi então que a Câmara dos Deputados do Chile,
por ampla maioria, produziu um documento importantíssimo, pedindo ao
Exército, como “ultima ratio”, para repor a ordem constitucional,
evitando a anarquia e a decadência económica do Chile. Allende
governava segundo o seu capricho, cavando um cipoal de miséria e
arbítrio. Instalara uma rebelião, contra os princípios da Constituição
que tinha jurado defender. Baniu a liberdade de imprensa e a autonomia
universitária.
Recusou-se, até, a promulgar leis legítimas
aprovadas pelo poder legislativo. Era pesporrência sem limites. Desde o
nascimento do Estado moderno, isso é motivo para se exercer o consabido
“direito de resistência”. O artigo 3.º da Constituição chilena admitia,
no fundo, esta possibilidade, ao abordar o tema da “rebelião”, sempre
que o Governo assumisse poderes que não lhe foram concedidos pela
Nação, portadora exclusiva da Soberania.
Por muito que isto custe às viúvas do socialismo
totalitário, a verdade não pode ser apagada para todo o sempre. Um dia
ela aparece, iluminando a história e os homens.
Quem escrevia, afinal, os livros (de propaganda)
da minha infância? Quem pagava os escribas? Que regime era esse,
sustentado na mentira e na manipulação do ensino e da história?
Contra a impostura é preciso, pois, escrever.
Escrever sempre. Como sublinhava o grande George Orwell, “Escrevo
porque há uma injustiça que merece ser denunciada, uma mentira que tem
de ser desmascarada”.
Leiam, sem tardança, este texto (que vos trago
hoje) de Heitor de Paola, consagrado intelectual brasileiro, comentando
o fundamentado documento jurídico que os Deputados do Chile aprovaram
no dia 23 de Agosto de 1973, vinte dias antes da queda de Allende,
desejada pelo povo e pelos poderes legalmente constituídos e usurpados.
O Chile inverteu a marcha. Agora, após a feitura
de avisadas reformas, é o país mais bem sucedido da América Latina. Não
falarei, todavia, do regime de Pinochet. De qualquer modo, quem quiser
pode consultar os meus artigos “Pinochet e a sublime hipocrisia
mediática” e “Janer Cristaldo: vacina contra a impostura”, ambos
disponíveis, penso, no arquivo deste jornal electrónico. Não há mais
nada a dizer, para além do que aí foi dito.
A linha coerente dos dois apontamentos calou,
por inteiro, a “intelectuária” mais atrevida, a qual não ousou, apesar
do seu evidente desagrado, qualquer “desmentido” ou artigo de opinião
(que se veja, de cara descoberta!) em contrário. Contra factos...
Como sempre, adapto a grafia ao modelo
linguístico vigente em Cabo Verde, sem beliscar, contudo, o discurso
original, disponível, para quem queira, em www.midiasemmascara.org
A partir de agora, toda e qualquer ignorância é grosseira e injustificável.
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