segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

FARINHA DO MESMO SACO

Em Cabo Verde, por uma pungente e triste ironia, os nossos “líderes” vão na direcção contrária. Exaltam o comunismo, promovem a fraude eleitoral e o “rent-seeking”, violam a Constituição e emparelham a Administração Pública (e as empresas controladas pelo Estado) com os seus bonecos de estimação. Insistem, enfim, nessa ideologia clientelista que a História remeteu ao merecido caixote de lixo. O índice recentemente publicado pela Heritage Foundation mostra que o nosso país está a descer, mesmo na liberdade económica, no meio de uma burocracia sufocante e de uma política fiscal pouco competitiva. No índice do PNUD, que avalia o Desenvolvimento Humano, Cabo Verde desceu cinco lugares, de 2001 a esta parte. Nada que preocupe a clique dirigente! À semelhança de Salazar, “o mago das Finanças Públicas” do Estado Novo, fala-se no “equilíbrio macroeconómico”, enquanto aumenta a pobreza e a corrupção (confirmada no último relatório do Banco Mundial, divulgado em Singapura)


A liderança é, hoje, um dos factores cruciais da Riqueza das Nações. É pacífico, por exemplo, que o êxito colectivo de países como a Irlanda, Finlândia ou Nova Zelândia se deve, sobretudo, à extraordinária visão dos seus dirigentes. Gente que pensa. Que sabe incutir valores positivos, como a liberdade, a transparência e o governo das leis. A lucidez governativa é um tesouro inestimável.
Um líder é aquele que combate as crenças e os cacoetes ultrapassados e sabe rasgar horizontes de prosperidade para o seu país. O líder faz reformas. Despreza a cantiga do politicamente correcto.
De Ralf Dahrendorf a Michael Porter, todos os estudiosos sublinham as virtudes da liderança esclarecida. É assim nos países mais avançados.
Em Cabo Verde, por uma pungente e triste ironia, os nossos “líderes” vão na direcção contrária. Exaltam o comunismo, promovem a fraude eleitoral e o “rent-seeking”, violam a Constituição e emparelham a Administração Pública (e as empresas controladas pelo Estado) com os seus bonecos de estimação. Insistem, enfim, nessa ideologia clientelista que a História remeteu ao merecido caixote de lixo. O índice recentemente publicado pela Heritage Foundation mostra que o nosso país está a descer, mesmo na liberdade económica, no meio de uma burocracia sufocante e de uma política fiscal pouco competitiva. No índice do PNUD, que avalia o Desenvolvimento Humano, Cabo Verde desceu cinco lugares, de 2001 a esta parte. Nada que preocupe a clique dirigente! À semelhança de Salazar, “o mago das Finanças Públicas” do Estado Novo, fala-se no “equilíbrio macroeconómico”, enquanto aumenta a pobreza e a corrupção (confirmada no último relatório do Banco Mundial, divulgado em Singapura).
Mas há pessoas que não aprendem. Dificuldade genética?
Humberto Cardoso, num comentário de grande nível, pôs em destaque, no artigo “O porquê da crispação” (www.emcima.blogspot.com), os desvarios do Presidente da Câmara da Praia e do senhor Primeiro-Ministro. Ficou claro que essa gente desvaloriza a democracia e a liberdade individual. Se calhar, preferem o tempo da ditadura “revolucionária”, o reino da polícia política, dos tribunais do partido, do plano central, e coisas do tipo.
Cada qual é livre, em privado, para defender o que quiser. Mas, caramba, um estadista deve manter a compostura, saber que o Estado tem regras, uma Constituição, com princípios que estão acima dos partidos e das maiorias. Infelizmente, nem todo o mundo nasceu para ser estadista! É uma circunstância atenuante. Alguns não compreendem, definitivamente, que sua excelência Al Capone, um criminoso eleitoral, não pode fazer parte do Governo [num Estado de direito, pelo menos, como é(?) o caso da nossa República]; ou que a Lei Fiscal não pode ter efeitos retroactivos, excepto se for mais favorável ao contribuinte.
Humberto Cardoso, de forma pedagógica, situou o discurso paternalista do edil praiense na História das Ideias. HC foi brilhante ao deixar bem claro que o raciocínio do douto Felisberto “não é novo”. Trata-se, pelo contrário, de um discurso fuliginoso, perigoso, apologia de um regime político que, em todo o lado, só trouxe miséria, bancarrota económica e ditadura.
“Foi feito ao longo de décadas por comunistas quando confrontados com a falta de liberdade e democracia nos seus países”. Humberto tem razão.
O discurso do “Filú”, o homem da “era digital”, é, afinal, o mesmíssimo discurso de gente como Mao Tsé Tung, Estaline, Fidel Castro ou Pol Pot, essa notável corja totalitária que sempre usou a chantagem da “justiça social” e da satisfação das “necessidades do povo” para sacrificar os direitos fundamentais e o Estado democrático.
Mas é preciso dizer mais qualquer coisa. Há mais tirania para além do esculacho populista cá do burgo. A geopolítica é muito maior que qualquer lixeira municipal.
O edil Felisberto Vieira não está sozinho nessa marcha pela recuperação das ideias socialistas. Trata-se, na verdade, de um movimento mundial que luta, com todas as armas, para impor a Ordem Totalitária no planeta. Na América Latina, boa parte dos países (para não dizer a maioria) está já sob o domínio dessa gente maravilhosa, enquanto os idiotas úteis, embalados pelo optimismo tecnocrático e pela suave propaganda de que “o comunismo morreu” e o “neoliberalismo triunfou”, assistem, sem qualquer resistência moral, ao reinado autoritário de Hugo Chávez (que anunciou, para já, que quer o poder até 2021, numa “Venezuela socialista”), Morales, Daniel Ortega e companhia limitada.
Logo após a queda do Muro de Berlim, o PT do senhor Lula da Silva e o ditador Fidel Castro criaram O Foro de São Paulo (A Nova Internacional que integra todos os comunistas latinos e organizações como as FARC, o ELN e outros grupos radicais), cujo objectivo é instalar o comunismo na América Latina. E no mundo, de uma forma gradual, em articulação com os fundamentalistas islâmicos e os movimentos afins do terceiro mundo.
Os calhordas dirão: “isso é teoria da conspiração; o Foro não existe”. Pois! E também recebo chorudas verbas da CIA para prestar este belo “serviço ao imperialismo”, não é? O site oficial do Foro de São Paulo, caros imbecis, é público e está disponível na Internet, em duas línguas internacionais (espanhol e português): www.forosaopaulo.org;
Alejandro Esclusa escreveu, a respeito, um apontamento notável, intitulado “As graves contradições do Foro de São Paulo”. Está disponível em www.midiasemmascara.org e contém informações preciosas que ninguém deve ignorar.
Olavo de Carvalho, Filósofo, Jornalista e Escritor brasileiro, passou mais de uma década a explicar, por A + B, que a ascensão dos partidos comunistas na America Latina, e no mundo, não era obra do acaso; que se tratava, como é evidente, de uma articulação continental de longo alcance, envolvendo milhões e milhões de dólares (esqueceram-se do Mensalão e outros escândalos semelhantes?) e movimentos sociais poderosos.
Toda a gente ignorou os seus apelos. Era um “radical” falando; um “cara dazélite”! Apenas isso. Veja-se, a propósito, o seu “blog” pessoal: www.olavodecarvalho.org e os inúmeros artigos, ali publicados, referentes ao tema, com fontes idóneas, documentos e um conjunto enorme de provas.
Em Cabo Verde ninguém ouviu falar do Foro de São Paulo, enquanto a TCV distrai a malta com a “guerra do Iraque” e as telenovelas, omitindo o fundamental. Edgar Morin tem um nome para isso: “componente alucinatória da informação”, típica de ambientes autoritários, em que o lixo ocupa o lugar da informação séria.
Hoje, a imprensa brasileira admite, sem pestanejar, a existência do Foro de São Paulo, alegando, contudo, que se trata, apenas, de um movimento “populista e nacionalista”. É falso. Chávez define-se claramente como socialista e quer uma Venezuela “vermelha”. Neste momento, já tem o aval do Congresso para fazer decretos pessoais durante 18 meses. Foi com poderes do tipo que Hitler, também eleito pelo povo, em 1933, destruiu a República de Weimar.
Morales e os outros vão na mesma linha, nacionalizando as indústrias e perseguindo a Imprensa e o Poder Judicial. Quando a Petrobrás foi prejudicada, pelas políticas marxistas de Morales, pondo em causa, claramente, o interesse nacional brasileiro, o Presidente Lula não esboçou qualquer reacção séria, como seria de esperar de um chefe de Estado. A coisa passou sem resistência.
Recorde-se, além disso, que alguns partidos integrantes do Foro de São Paulo organizaram, recentemente, a Conferência dos Não Alinhados, em Cuba, que contou com a ilustre presença do nosso Presidente da República, Pedro Pires, do representante do Zimbabwe, da Coreia do Norte e de gente como Ahmadinejad (fundamentalista islâmico que patrocina o terrorismo no Iraque e defende o Holocausto) ou Kadhafi, o “estadista” que mandou erguer uma estátua em homenagem a Saddam Hussein.
Ou já se esqueceram? São factos. E factos não se desmentem, de forma idiota, com rótulos do tipo: “meu amigo, estás a ser radical, és da direita, estás a exagerar”, e assim por diante. Ou desmentem os factos, ou são obrigados a aceitar a realidade.
Mas não há, infelizmente, como desmenti-los. Porque são simplesmente…factos!
A única alternativa é seguir o conselho de Wittgenstein: “Quando já não se tem nada para dizer, deve ficar-se calado”.
Com muito interesse, para se ter uma noção sofisticada da geopolítica (nomeadamente da Santa Aliança entre a Rússia, o Irão e a Síria, facto frequentemente omitido), veja-se Jeffrey Nyquist, em http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5128&language=pt. Nyquist é especialista em geopolítica e colunista regular do “Financial Sense”. Ver também www.jrnyquist.com;
A verdade é como o azeite. É uma espécie de lixívia divina que limpa toda a canga perversa, todos os preconceitos difundidos pela ideologia. A verdade é simples e eficaz. É mais poderosa que todas as polícias secretas do mundo. Subverte toda a maquinação; dezfaz todos os equívocos e cambalachos. É o símbolo da Filosofia, o caminho que nos permite sair da caverna. É a luz radiante que vence todas as sombras. Que silencia a patranha e desmascara, de vez, a farsa dos homens. A verdade é o maior poder que existe na face da Terra. A sua medida é ela própria (“e sè com sè misura”, como nos versos de Dante), e não qualquer interesse mesquinho.
Quem quer banir a verdade? E porquê?

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Jurista e Docente Universitário

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