PARA ONDE FORAM 21 MIL CONTOS QUE A CÂMARA RECEBEU DA CVC NO NEGÓCIO DOS TERRENOS DA BRITAR LDA?
Casimiro de Pina levanta uma questão que tem
passado despercebida, mas certamente exige esclarecimentos públicos - o
negócio, referido pelo ex-vereador José Maria Veiga, celebrado entre a
CMP e a CVC, em 2001, foi “no valor global de 30 mil contos
cabo-verdianos, mas em que apenas 9 mil contos entraram nos cofres da
Câmara, sendo o resto convertido em pretensos ‘serviços’ que ninguém
conhece”
Praia, 1 Maio – “A empresa Britar Lda nunca
disse que celebrou algum ‘contrato’ com a Câmara Municipal da Praia.
Falar na inexistência de ‘relação contratual’ entre a Câmara Municipal
da Praia e a Britar Lda é apenas uma manobra rasteira do senhor
presidente da Câmara da Praia. A Britar Lda celebrou foi um contrato
com as Construções Técnicas”, afirma - em carta enviada a Liberal –
Casimiro de Pina, sobrinho de Lourenço de Pina e seu representante. A
carta, que transcrevemos, é uma resposta ao presidente da Câmara da
Praia, Felisberto Vieira, e pretende refutar algumas questões por este
trazidas nas suas declarações à rádio e televisão. E levanta uma
questão que tem passado despercebida, mas certamente exige
esclarecimentos públicos - o negócio, referido pelo ex-vereador José
Maria Veiga, celebrado entre a CMP e a CVC, em 2001: foi “no valor
global de 30 mil contos cabo-verdianos, mas em que apenas 9 mil contos
entraram nos cofres da Câmara, sendo o resto convertido em pretensos
‘serviços’ que ninguém conhece”. Escreve Casimiro de Pina:
“O senhor presidente da Câmara Municipal da
Praia está a ensaiar uma autêntica ‘fuga em frente’, numa tentativa
cínica de fugir às suas responsabilidades e apagar o seu erro grave,
quando passou por cima da lei. A empresa Britar Lda nunca disse que
celebrou algum ‘contrato’ com a Câmara Municipal da Praia. Falar na
inexistência de ‘relação contratual’ entre a Câmara Municipal da Praia
e a Britar Lda é apenas uma manobra rasteira do senhor presidente da
Câmara da Praia. A Britar Lda celebrou foi um contrato com as
Construções Técnicas, pelo qual adquiriu todos os equipamentos que esta
última empresa implantou no estaleiro de Achada Grande Frente. O
contrato entre a Construções Técnicas e a Britar Lda foi celebrado em
1998. Desde essa altura, a Britar passou a ocupar o referido estaleiro,
na posse da Construções Técnicas desde a década de 70, ainda antes da
independência nacional. A posse exercida pela Britar Lda foi pacífica e
pública. A Britar, na sequência do contrato celebrado com a Construções
Técnicas, passou a pagar os devidos aforamentos à Câmara Municipal da
Praia, pelo uso do terreno - conserva, aliás, em seu poder todos os
recibos passados pela Câmara Municipal da Praia, até 2003. São
documentos autênticos, passados e assinados pelos funcionários da
Câmara Municipal da Praia.
Como a Britar tinha posse pacífica e pública do
terreno, devia reconhecer, como manda a lei, o seu direito de
preferência. É isso que o senhor presidente da Câmara Municipal da
Praia não consegue explicar, assim como não consegue explicar os
meandros pouco transparentes do negócio celebrado entre a Câmara
Municipal da Praia e a CVC, em 2001, no valor global de 30 mil contos
cabo-verdianos, mas em que apenas 9 mil contos entraram nos cofres da
Câmara, sendo o resto convertido em pretensos “serviços” que ninguém
conhece.
Os munícipes querem saber se é essa a forma
legal e adequada de alienar um património público. A ‘acção secreta’ da
Câmara Municipal da Praia, ao violar o direito de preferência da
Britar, foi violenta, injusta e chocante, aliás, de uma arbitrariedade
sem memória. E é, principalmente, este motivo que levou os dois
proprietários da Britar, empresários honestos e reconhecidos, a entrar
em greve de fome. O objectivo da greve, como eles sempre explicaram, é
chamar a atenção da sociedade cabo-verdiana para essa injustiça
flagrante e levar os responsáveis a reconhecer o erro, reconhecendo, do
mesmo passo, os direitos da Britar Lda.
Os proprietários da Britar Lda não são mendigos;
são empresários e cidadãos deste país, conscientes e capazes de
utilizar todos os meios pacíficos e democráticos para repor a justiça e
o Direito ultrajado, por políticos ambiciosos que não respeitam as leis
nem o Estado de Direito. Enquanto familiar dos grevistas, faço um apelo
às autoridades do País, no sentido de ajudarem a resolver a situação,
antes que seja tarde demais. A greve já vai no seu 11º dia”.
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