JOSÉ MARIA NEVES: UM “PRÍNCIPE” ACIMA DO ESTADO E DA CONSTITUIÇÃO!
A mensagem foi e é claríssima: “As leis e a Constituição de
Cabo Verde não se aplicam ao dr. José Maria Neves e ao seu grupo”. Há, pois, uma
Lei implacável para o Zé Povinho e outra, mais ao gosto do freguês, só para o
sr. José Maria Pereira Neves e o pessoal do “jet-set” burocrático! Hitler
suspendeu, em 1933, a vigência da Constituição de Weimar por meio de um decreto
autoritário aprovado no Reichstag; a nossa Procuradoria fê-lo, simplesmente, por
meio de um silêncio ardiloso e cobarde, com consequências incalculáveis para o
futuro
O movimento “macro-político” dos países subdesenvolvidos
foi muito bem descrito por Jean-François Revel e pode resumir-se, a meu ver,
desta forma: uma ideologia festiva oferece, em tom nacionalisteiro, o “milagre
do desenvolvimento” e, no fim, tudo o que realmente entrega é a miséria e o
autoritarismo, com um “partido-Estado” a abocanhar quase toda a renda nacional
disponível e a promover, nos interstícios do assistencialismo, uma mentalidade
totalitária e “orcamentívora”, cuja prosperidade caminha no sentido inverso do
progresso e da liberdade.
O actual Governo de Cabo Verde reclama-se herdeiro dessa
“ideologia festiva”, com um rol inigualável de manigâncias, trapalhadas e abuso
de poder, mas habilmente suportado por zelosos “escritórios de propaganda”, tão
eficientes quão insensíveis face à realidade, pautada pela pobreza e pelo baixo
crescimento económico.
A Justiça (funcionamento dos tribunais, procuradoria, etc.)
é uma das vítimas de sempre do totalitarismo, essa reencarnação do Leviathan
todo-poderoso, cujo lema de vanguarda é “O NOSSO PARTIDO ANTES DE TUDO”, mito
fundacional desde a sagrada LOPE e a ópera “revolucionária” subsequente, que os
esbirros sobrantes do Partido Único teimam em recuperar, com novos capítulos e
extravagantes episódios, em plena democracia.
A humilhação da Justiça é a chave do poderio
totalitário.
“Fatta la legge, trovato l’inganno”!
O “caso José Maria Neves” prova-o à maravilha, corroendo,
de um modo irreparável, os fundamentos do Estado de direito democrático e tudo
aquilo que é, afinal, o sentido de justiça no mundo civilizado.
A “rule of law”, de princípio fundante e fundamentante da
ordem constitucional, resvalou, por culpa da nossa magistratura, num simples e
ineficaz “discurso programático”, com uma Procuradoria-Geral da República
vergada pela incapacidade de cumprir a sua missão e pelo temor reverencial face
a um Primeiro-Ministro que não hesita, nem um minuto sequer, em subverter as
instituições só para conservar a sua fatia de poder e, assim, perpetuar, entre o
afago e o desprezo pelas leis, os fabulosos conchavos.
Tecnicamente, e em termos de efeitos práticos, a “omissão”
da Procuradoria (e também da Assembleia Nacional, onde se encontra, desde o mês
de Julho de 2007, a Petição da Acção Popular) equivale a uma exacta e
indiscutível SUSPENSÃO DA CONSTITUIÇÃO. Ou seja, a um “estado de
excepção”.
A mensagem foi e é claríssima: “As leis e a Constituição de
Cabo Verde não se aplicam ao dr. José Maria Neves e ao seu grupo”. Há, pois, uma
Lei implacável para o Zé Povinho e outra, mais ao gosto do freguês, só para o
sr. José Maria Pereira Neves e o pessoal do “jet-set” burocrático!
Hitler suspendeu, em 1933, a vigência da Constituição de
Weimar por meio de um decreto autoritário aprovado no Reichstag; a nossa
Procuradoria fê-lo, simplesmente, por meio de um silêncio ardiloso e cobarde,
com consequências incalculáveis para o futuro.
Como se pode falar em valores como “confiança”,
“legalidade” ou “justiça” num contexto desses, onde impera, inegavelmente, a
mais crua indiferença perante a Magna Charta da democracia e os direitos de
cidadania?
É um silêncio que configura uma verdadeira Traição à Pátria
e ao Estado de direito democrático.
José Maria Neves cometeu, no dia 22 de Janeiro de 2006,
cerca de meia dúzia de crimes (vide a Petição transcrita abaixo, com a devida
fundamentação jurídica).
Até hoje, não foi julgado nem responsabilizado pelos
ilícitos penais que praticou. É um escândalo.
O poder judicial em Cabo Verde, em vez de ser a fortaleza
da liberdade, é o posto avançado da impunidade e dos privilégios da “nova
classe” no poder.
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