segunda-feira, 27 de abril de 2009

O REGRESSO DE CARLOS VEIGA: SENTIDO E SIGNIFICADO

Carlos Veiga não pode regressar para satisfazer a ânsia de “amigos” ou camaradas de circunstância. A importância dele está, antes, no plano simbólico. Cabo Verde, num momento de crise e com uma governação corrupta e corrompida, não pode prescindir de homens como o Dr. Carlos Veiga. Precisamos de políticos com talento
Numa atmosfera de surpresa e alegria, o país recebeu a notícia do regresso do Dr. Carlos Veiga à “militância partidária”.
Veiga regressa com a autoridade de um patriarca, isto é, um dos “founding fathers” da democracia em Cabo Verde.
É aqui, e não noutro ponto, que está a grande força de Carlos Veiga.
É a força, afinal, de uma “ideia” e de um certo conceito de justiça: a ideia de democracia, entendida no sentido da cultura ocidental, enquanto “gramática da liberdade” e da cidadania, em que a dignidade humana é um “prius”, lógico e ontológico, em relação ao Estado.
O PAICV combate essa “ideia” fundamental. Promove o clientelismo mais descarado e insiste no reforço do aparelho ideológico do “partido-Estado”.
Digo isto com a serenidade de quem, ao longo de quase uma década, tem observado e estudado o comportamento (ambíguo) da governação socialista do PAICV.
Ultimamente, ao sabor das conveniências, algumas pessoas falam com ardor (o ardor de “arrivistas” deslumbrados e incoerentes) da necessidade “urgente” de Carlos Veiga voltar à liderança do MpD.
Por vezes, fazem-no de forma atabalhoada.
Houve até um (o Dr. João Dono) que, após ter elogiado “Filú” num dia e defendido a “renovação” do MpD - através da candidatura de Fernando Elísio Freire – noutro dia, teve a ousadia de, com os resultados frescos de uma sondagem recente, propor, quase em apoteose, o regresso do “amigo” Carlos Veiga, já em jeito, dir-se-ia, de salvador da pátria!
Não é isso. Não pode ser isso. Carlos Veiga não pode regressar para satisfazer a ânsia de “amigos” ou camaradas de circunstância. A importância dele está, antes, no plano simbólico.
Cabo Verde, num momento de crise e com uma governação corrupta e corrompida, não pode prescindir de homens como o Dr. Carlos Veiga. Precisamos de políticos com talento.
A renovação, ao contrário de alguns pós-modernos de carteirinha, não tem nada a ver com a idade. Não é porque A tem 25 e B 48 anos que o primeiro há-de ser mais moderno ou progressista.
O que conta é o carácter da pessoa e as suas convicções, a sabedoria e a confiança firme nos bons princípios.
A “juventude”, apesar de todo o seu marketing, não significa, só por si, absolutamente nada.
Carlos Veiga é um homem moderno e é nesta qualidade que ele regressa.
Espero que a próxima convenção do MpD seja uma disputa agradável.
O Engº. Jorge Santos, um homem digno e lutador (mas talvez sem carisma), já manifestou a vontade de “ir até ao fim”.
É legítimo que ele queira concorrer, embora não tenha de ser uma obsessão.
Não concordo com certas escolhas dele, mas reconheço que ele fez um esforço no sentido de organizar o MpD e dinamizar a “estrutura” partidária nas várias ilhas.
Mas é claro que isso não chega para ganhar as legislativas.
O MpD deve mostrar ao país, como afirmei num artigo pretérito, que é a única alternativa realmente existente.
Todas as ideias essenciais, seja no plano económico, seja no plano político, foram introduzidas pelo MpD. O êxito alcançado por Cabo Verde, sobretudo no âmbito do Desenvolvimento Humano, comprova, sem margem para dúvidas, o acerto das reformas de fundo feitas na década de 90.
Um partido assim, um partido que aprovou, aliás, a Constituição da Liberdade, sabe que tem uma responsabilidade imensa. Defender um legado e “conservar o futuro” (Edgar Morin) é tudo o que se exige, actualmente, ao MpD.
Cabo Verde acalenta uma funda esperança.
O PAICV está preocupado! Percebe-se...

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Jurista e Docente Universitário

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