AS MENTIROLAS DE JÚLIO CORREIA
O Recenseamento devia começar no dia 1 de Setembro deste
ano. No entanto, pela providencial intervenção de Júlio Correia (com propósitos
inconfessáveis…) o prazo inicialmente previsto, aliás na lei, não foi cumprido.
Trata-se de uma atitude gravíssima
Que Júlio Correia é um sujeito pouco cumpridor da
Constituição da República é um facto conhecido, que não merece, aliás, qualquer
aprofundamento. O ministro da Administração Interna é essa mesma criatura que,
com a perspicácia de um capataz de província, escreveu cartas aos magistrados
(como confessou numa célebre entrevista ao jornal “A Semana”), pressionando
indevidamente a magistratura e subvertendo, assim, de forma grave, os pilares do
Estado de Direito vigente neste país. A coisa passou porque tudo passa numa
“democracia de fachada”.
Educado politicamente nos cânones da “ditadura
revolucionária”, Correia conserva, com carinho, os piores vícios do Partido
Único, exercendo, sempre que pode, acção deletéria na Administração Pública.
Haja em vista o compadrio escandaloso aquando da colocação de um “amigo” na
Delegação dos Transportes Rodoviários em São Filipe, facto oportunamente
denunciado por Jorge Nogueira.
A sua acção enquanto chefe máximo da Polícia é um desastre
indiscutível. É sob a sua chancela, infelizmente, que a criminalidade aumentou
em Cabo Verde, sobretudo nos maiores centros urbanos. Finório, vai, todavia,
contornando a realidade, lançando mão de uma retórica miudinha e nervosa,
cultivando, aliás, uma demagogia de vão de escada.
Não me perguntem qual é a matriz (ideológica) desse
comportamento inaudito!
Por outro lado, é no consulado de Júlio Correia que os
Cadernos Eleitorais se transformaram num instrumento do partido dominante.
Centenas e centenas de nomes foram suprimidos (por uma Mão Invisível?) sem que
ninguém fosse chamado a explicar a estranha anarquia democrática. Júlio fingiu
que nada aconteceu.
O mais recente “golpe de secretaria” do PAICV tem a ver com
o novo Recenseamento Eleitoral, cujo objectivo é, ou deve ser, eliminar as
citadas anomalias verificadas nas últimas eleições legislativas e presidenciais.
No próprio Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça ficaram registadas algumas
manchas que nenhum sicofanta poderá negar ou apagar. É preciso corrigir o erro e
fazer um trabalho limpo.
O Recenseamento devia começar no dia 1 de Setembro deste
ano. No entanto, pela providencial intervenção de Júlio Correia (com propósitos
inconfessáveis…) o prazo inicialmente previsto, aliás na lei, não foi cumprido.
Trata-se de uma atitude gravíssima.
E qual foi a “justificação” apresentada? Segundo o sr.
Júlio Correia, é preciso esperar pela “nova Comissão Nacional das Eleições”
(CNE)!!! Sem a nova CNE, disse o ministro politiqueiro, não pode haver qualquer
Recenseamento! Ora, só um idiota irrecuperável, ou um sicofanta comprometido com
o sistema, aceitaria essa desculpa esfarrapada.
É um argumento falso, completamente falso. Quem faz o
Recenseamento não é a CNE, mas, sim, as Comissões locais, em cada Município. A
CNE fiscaliza o processo e dirime alguns conflitos. Os Partidos Políticos também
fiscalizam o processo. São, de resto, os principais interessados, como é normal
em qualquer democracia moderna e pluralista.
O Governo deve criar, tal como está previsto, todas as
condições (humanas, técnicas, materiais, etc.) para que o acto seja realizado
com a máxima urgência e com todos os requisitos de isenção e transparência.
Menos do que isso é FRAUDE.
Além do mais, é uma tremenda irresponsabilidade afirmar,
como afirma o inefável ministro, que, sem “a nova” CNE, nada funciona. Ora, até
a escolha dos novos integrantes da CNE, o órgão não pára nem deixa de funcionar.
É um princípio básico do Direito Administrativo, e do funcionamento dos órgãos
colegiais em geral. Enquanto a CNE não for renovada, os seus actuais elementos
desempenham, normalmente, todas as funções próprias desse órgão do processo
eleitoral.
O sr. Júlio deve, por conseguinte, parar com essa
trapalhada e começar a cumprir a lei. Deixar, enfim, de ser uma simples “correia
de transmissão” da charlatanice governamental reinante…
P.S.: Não deixe de consultar, prezado leitor, um
elucidativo artigo de Humberto Cardoso (“Ganhos Civilizacionais”), disponível no
seu blog pessoal, em: www.emcima.blogspot.com;
Humberto é, já se sabe, selo de qualidade, conciliando a
leveza da escrita com uma admirável cultura política e filosófica. É dos
políticos mais consistentes e experientes deste país, pairando muito acima da
mediocridade e do servilismo de certos “sectores”…
Veja também o artigo “Caos Revolucionário”, do grande
Ipojuca Pontes, um dos melhores colunistas brasileiros no activo. Disponível em:
www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=6019&language=pt;
Após a publicação do meu (pretérito) artigo sobre a
Globalização, um jornalista do DN, de Portugal, publicou um apontamento mui
interessante sobre o mesmo tema, estribado num livro mais recente de Thomas
Friedman. Vale a pena consultá-lo, em: www.dn.sapo.pt/2007/08/27/opiniao/nada_melhor_umagripe_para_que_o_mun.html
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